Estátua da Liberdade

Where is my sister?

Respirei fundo e encarei a estátua a minha frente.

Tinha vindo a New York atrás de uma pista de Anne. Não via minha irmã há anos, nem mesmo sabia se a mesma estava viva, mas eu não podia desistir...Não ainda.

Eu não iria parar até que todos os culpados pagassem. Até que o sangue dos assassinos escorressem por minhas mãos.

Estava esfriando por isso apertei ainda mais o casaco em torno de meu corpo.

"Ela precisa está aqui" - pensei comigo mesma lembrando-me de minha irmã.

A Stranger Man

Estava distraída quando senti uma mão sobre minhas costas.

Com meus reflexos rápidos virei-me rapidamente em direção a pessoa que tinha tentado chamar minha atenção.

Era um jovem rapaz, bonito reparei, de cabelos negros como um corvo. Era mais alto que eu por isso precisei erguer meu rosto para observá-lo com mais atenção.

- Olá. - disse ao estranho enquanto ainda analisava o mesmo.

Todos os meus sentidos estavam em alertas, tinha aprendido que nunca se deve confiar totalmente em ninguém e não seria agora que eu começaria a agir de forma diferente.

Keep Distance

- Desculpe, sou David. você me parece perdida já que estava notando você a algum tempo parada por aqui olhando pra essa estatua ou estou errado? - Disse o mesmo estendo a mão em minha direção.

Aceitei o cumprimento ainda desconfiada, mas como não queria deixar transparecer dei um leve sorriso na direção do mesmo. Quanto menos ele soubesse, melhor seria. Não queria que ele desconfia-se de mim.

- Prazer, Aiyra. Sim, estou um pouco perdida. Cheguei a cidade a pouco. - disse dando um leve sorriso.

Se ele fosse alguém inteligente perceberia logo que era bom manter distância.

New York

David ofereceu-se para me mostrar a cidade e logo depois colocou seus óculos.

Parei para refletir sobre o que ele disse.

Por um lado seria bom conhecer todos os pontos de New York se eu queria realmente encontrar uma pista de Anne por aqui.

Por outro ele era um completo desconhecido e poderia ser perigoso...Mas eu também não era tão florzinha, se ele tentasse algo terminaria sem uma das mãos, ou quem sabe, até sem as duas.

-Aceito seu convite. - disse dando um leve sorriso.

Era melhor ele se comportar.

New York II

David me ofereceu várias opções de locais que eu poderia, claro que eu tinha que me concentrar naqueles que me trariam alguma informação substancial sobre Anne.

-Hum...Acho que vou confiar na sua intuição. - respondi enquanto abotoava meu casaco para me proteger do frio.

Sabia que estava abrindo brechas para que David se aproxima-se de mim, mas no momento algo me dizia que talvez ele tivesse as informações que eu precisava e eu era o tipo de garota que confiava na intuição.

"Anne eu vou te encontrar" pensei comigo mesma caminhando pra fora do local.

Turno Encerrado

“Como em tudo, no escrever também tenho uma espécie de receio de ir longe demais. Que será isso? Por que? Retenho-me, como se retivesse as rédeas de um cavalo que pudesse galopar e me levar Deus sabe onde. Eu me guardo. Por que e para quê? Para o que estou eu me poupando? Eu já tive clara consciência disso quando uma vez escrevi: “é preciso não ter medo de criar”. Por que o medo? Medo de conhecer os limites de minha capacidade? Ou medo do aprendiz de feiticeiro que não sabia como parar? Quem sabe, assim como uma mulher que se guarda intocada para dar-se um dia ao amor, talvez eu queira morrer toda inteira para que Deus me tenha toda.” – Clarice Lispector.
Nada como um belo texto para resumir toda a sua situação emocional não é mesmo?O mais engraçado é que o texto não foi escrito direcionado para Annabelle,todavia,a mesma se identificou tanto com o mesmo que chegou a ter a inocência de pensar que ele fora feito especialmente para ela a ponto de relembrá-lo várias vezes na memória e sozinha em seu quarto recitá-lo para si mesma.Enquanto caminhava lentamente pelas ruas de Nova York seus olhos acompanhavam cada um dos prédios,praças,pessoas que passavam por ela,sempre tão observadora reparava em cada pequeno detalhe que seus olhos podiam alcançar e sorria quando si deparava com algo que realmente lhe chamasse a atenção,digamos que essa era a única forma de lhe espantar a tristeza que a acompanhava por um grande período de tempo.Seus braços lhe envolvem calmamente a cintura enquanto a mesma caminha,sua mente continuava distante pensando no texto que não lhe saia da cabeça,um fio de desapontamento lhe surge ao pensar o quanto tinha medo,medo de se apegar...medo de viver...medo de ser deixada novamente,seus braços contraem-se novamente apertando sua cintura e sentindo o corpo estremecer ao lembrar-se de como era ruim ser abandonada,a garota nunca aprenderá a dizer adeus as pessoas que amava,nunca gostou de despedidas ou de tudo que um dia foi seu e não seria mais.Não muito longe dali ela pode observar uma das coisas mais magníficas da cidade:a Estátua da Liberdade,seus olhos si estreitam para observar melhor e ela sorri,mais não um daqueles sorrisos de alegria,mas sim um sorriso de tristeza,um sorriso que por dentro chorava,que por dentro era desesperador.....aquele era o sorriso que Annabelle conseguia dá,aproximando-se cada vez mais da estátua que cada vez ficava maior a vampira pode perceber e lembrar do seu desejo mais profundo e inocente de todos,ela queria ser livre.Sim,ela queria ser livre,livre dos seus sentimentos,livre dos apegos,livre das pessoas,livre do amor,ela podia tentar quantas vezes quisesse bloquear os seus sentimentos e emoções humanas,mais era total perda de tempo....eles eram mais fortes do que ela e quando surgiam era de uma vez a deixando completamente sem rumo.Agora lá estava ela,parada a frente de uma estátua sem vida alguma,ela se sentia igual a estátua...sem vida.Era uma comparação estranha de se fazer,imagine só uma pessoa e uma estátua?Porém,ela se sentia daquela maneira,tão sem vida quanto uma estátua.Deixando-se enfraquecer Annabelle ajoelha-se no chão como uma suplica a qualquer Deus,qualquer coisa divina que tanto ouvirá falar,e suplicava,implorava,se humilhava em seus pensamentos pedindo para que lhe tirassem aquela vida escrupulosa que ela vivia,seu rosto depara-se com a calçada suja e dura do local e ali ela fica,seus olhos fechados e completamente entregue a sua insanidade e as perturbações que sentia naquele momento.Um som soa no local,um som tão perturbador quanto os sentimentos da vampira,era um choro...mais não um choro qualquer,vinha de uma criança,mais porque uma criança estaria chorando?Erguendo o rosto Anna da uma leve espiada pelo local procurando onde estaria aquele ser inocente que choramingava no local e de um salto levanta-se caminhando lentamente até deparar-se com uma criança encostada na estátua,os olhos de Annabelle a observam lentamente,era tão pequena e frágil,tinha os cabelos avermelhados e um rostinho de boneca fazendo com que Annabelle persistisse na pergunta,porque tal criança chorava?Aproximando-se lentamente sem fazer barulho ela chega até a criança e senta-se ao seu lado ainda sem palavras,a vampira não tinha nenhum pouco de sentimento maternal em seu ser,afinal,ela era um monstro,um dos piores que já existiram,era uma assassina na verdade,seus olhos si deparam com as lágrimas da garota fazendo que momentaneamente seu desejo de cuidar e abraçar aquela criança si tornem incontroláveis,em um gesto calmo ela toca o rostinho da pequena com a pontinha do dedo limpando uma de suas lágrimas e fala baixinho: - O que aconteceu pequena? – as palavras saiam calmas e solidarias como jamais Annabelle havia sido,e sem perceber ela havia puxado e colocado a criança em seus braços,e agora...naquele momento....as duas pessoas tristes daquele local estavam juntas.

Os olhos da criança fitavam os de Annabelle mostrando toda a doçura e inocência que a vampira a muito não via nas pessoas,um sorriso de canto aparece em seu rosto enquanto sua mão desliza devagar pela face da garotinha a sua frente,sua pele era tão delicada quando a de um bebê....na verdade,ela era quase um bebê,tão frágil e tão triste....Anna sentia necessidade de cuidar dela...mais como?Como poderia uma vampira cuidar de uma criança tão frágil e humana?Isso era impossível,mais ela queria....ela queria abraçá-la e simplesmente....preteje-la de tudo e de todos.Os braços de Anna se apertando na garotinha,fazendo com que o abraço entre elas ficava ainda mais intenso e seguro,era isso que ela queria transmitir para a garotinha:segurança.O rostinho molhado dela,já não estava mais tão molhado assim e aquela tristeza que consumia ambas,parecia ter sumido,era como si as duas estivessem ligadas de alguma forma,mais como?Anna perguntava isso para si mesma ao fitar a criança em seus braços,o que a vida queria dela agora lhe mostrando aquela criança?Colocando aquela criança no seu caminho?Olhando o céu ela busca algum tipo de resposta,mais claro,outra tentativa invão.A voz da garota soa no local retirando Annabelle de seus pensamentos roubando toda a atenção da mesma,era estranho mais ela estava prestando atenção na história da pequenina a sua frente e sorria admirada com os errinhos dela,ela era tão fofa que dava vontade de apertar e morder (no bom sentido).Após suas palavras sumirem,Anna a observa bem logo a apertando ainda mais contra si encostando os lábios na cabeça dela falando baixinho :-Não se preocupe,vamos achar a sua professora... – suas palavras saiam carinhosas deixando a vampira surpresa,ela não lembrava-se a última vez que havia tratado alguém com tanto carinho e cuidado,esticando as pernas ela fica de pé ao lado da garotinha e estende a mão para que a mesma a segura-se :-Venha,estamos perdendo tempo aqui paradas! – Um sorriso um tanto meigo surge em seus lábios ao segurar a mão da garotinha ao qual nem o nome ela sabia,mais aquilo tanto importava para ela,ela só queria ajudá-la encontrar logo a professora da mesma e deixá-la segura,segura de todo o mal que Annabelle sabia que existia solto por ai,as mãos da vampira si apertavam na da garotinha,mais sem machucá-la ela só queria lhe passar segurança,pensando bem,talvez ainda exista salvação para um monstro não é mesmo?Como sempre,a vida pregando peças em Annabelle,irônico.

As mãos da garotinha se sumiam entre as delicadas mãos de Annabelle,e a mesma dava algumas apertadinhas na mão dela enquanto caminhavam aos arredores da Estátua da Liberdade,o clima estava ficando cada vez mais frio deixando o céu nublado como era típico da cidade,em um gesto calmo a vampira para por alguns instantes puxando a jaqueta que estava usando e a coloca em volta da garotinha,logo se abaixa lentamente ficando da altura da mesma passando a mão devagar pelo rostinho da mesma e fala calmamente: – Isso vai te deixar quentinha,não quero que fique doente. – sua voz saia com ar de preocupação, mais ela não estava fingindo – não dessa vez – era estranho,mais Anna realmente se preocupava com aquele pequeno ser a sua frente que agora estava se apresentando,"Sophie..." a voz em sua cabeça pronunciava o nome da garota fazendo com que Annabelle soltasse um sorriso de canto,as pessoas com esse nome ousadas e tem uma habilidade incrível de envolver as pessoas,esse nome se adequava perfeitamente a garotinha que encantava a vampira cada vez mais com aquele jeitinho.
Annabelle não sabia ao certo quanto tempo estava caminhando junto á Soph,porém nenhum sinal de professora ou de turminha de crianças,parando seus pensamentos por breves instantes....o que iria fazer com aquela garotinha?Talvez ir a polícia séria uma boa idéia,poderia deixá-la lá e depois seguir o seu caminho esquecendo de todo aquele seu momento maternal perante aquela criança,pronto,estava decidido,ela iria deixá-la em alguma delegacia e seguiria a sua vida monstruosa de assassina de sempre,dando um forte passo para a frente decidida em que atitudes tomar ela caminha com a garotinha em silêncio,seus pensamentos eram conturbados com toda aquela situação,só de imaginar separar-se dela sentia seu peito ficar apertado e uma tristeza enorme tomar conta de todo o seu ser,o que estava acontecendo?Parada ainda ela baixa o olhar e fita Sophie ao seu lado,aqueles olhinhos brilhantes dela faziam Annabelle perder todo o controle sobre seus sentimentos deixando as pernas enfraquecerem ela senta-se em um banco que havia ali enquanto desliza as mãos furiosamente pelos cabelos loiros enquanto fita o chão tentando esquecer as idéias absurdas que estava tendo.